Quando governos tentam calar seus povos, a resposta quase sempre é o grito da resistência. No Nepal, essa máxima se confirmou nesta semana. O bloqueio quase total das principais plataformas de mídia social — Facebook, YouTube, WhatsApp, X e outras — ordenado pelo governo, desencadeou uma onda de protestos sem precedentes. O saldo até agora é trágico: 19 mortos, mais de 100 feridos e uma nação mergulhada em confronto aberto entre jovens manifestantes e as forças do Estado.
Em uma tentativa pesada de impor novas regras de registro. A mudança não saiu pela culatra; Isso desencadeou uma tempestade de fogo. Na segunda-feira, 19 manifestantes foram mortos, mais de 100 ficaram feridos e as ruas de Katmandu estavam cheias de gás lacrimogêneo, balas de borracha e os cânticos implacáveis de uma geração que se recusa a ser silenciada.
O governo alegou que o blecaute era para combater notícias falsas e fazer cumprir uma ordem da Suprema Corte. Mas os nepaleses viram isso pelo que era: uma tentativa desesperada de sufocar a dissidência em um país afogado em corrupção.
O Parlamento do Nepal invadido e em chamas. A população em fúria forçou a renúncia do Primeiro-Ministro, que fugiu da capital acompanhado por outros ministros e secretários. As manifestações fugiram do controle após o governo censurar as redes sociais. pic.twitter.com/jO0a4b3zJp
— Hoje no Mundo Militar (@hoje_no) September 9, 2025
🚨 Manifestante arranca a bandeira comunista do mastro no Nepal enquanto os símbolos do regime viram cinzas em meio às chamas. pic.twitter.com/KWFKU36re2
— Fernanda Salles (@reportersalles) September 9, 2025
Censura mascarada de combate à desinformação
As autoridades nepalesas alegaram que o blecaute digital seria necessário para conter “notícias falsas” e atender a uma ordem da Suprema Corte. Mas a população entendeu a medida como o que de fato era: uma manobra desesperada para sufocar a dissidência em um país corroído pela corrupção.
A proibição foi a gota d’água em meio a denúncias virais sobre o luxo e os privilégios da elite política, contrastando com a pobreza da maioria. Para a juventude nepalesa, em especial a Geração Z, não se tratava apenas de liberdade de expressão, mas de exigir um país sem corrupção endêmica.
A escalada da violência
No auge dos protestos, dezenas de milhares cercaram o Parlamento em Katmandu. A polícia respondeu com gás lacrimogêneo, canhões de água e munição real. Manifestantes tombaram com tiros na cabeça e no peito. Casas de políticos foram incendiadas, escolas ligadas a autoridades atacadas e o grito de revolta ecoou: “Parem a censura. Parem a corrupção.”
Pressionado pela revolta, o governo voltou atrás e restabeleceu as redes sociais, mas manteve toque de recolher. Tarde demais. O recuo não apaziguou a indignação popular.
Rebelião contra a corrupção
O movimento, que começou contra a censura digital, tornou-se uma insurreição contra todo o sistema político. Jovens exigem mudanças reais e não mais promessas vazias. O ministro do Interior renunciou, mas a população segue mobilizada. O recado é claro: uma geração inteira decidiu não aceitar passivamente o peso de um governo autoritário e corrupto.
Paralelo doloroso: o Brasil e seu silêncio domesticado
Reflexão
A crise no Nepal serve de aviso ao mundo: a censura digital, disfarçada de combate à desinformação, não cala povos determinados. Pelo contrário, transforma redes privadas em trincheiras e VPNs em megafones.
No Nepal, a juventude mostrou que não aceita ser silenciada. No Brasil, no entanto, a história é outra. Aqui, onde medidas de censura, abusos de poder e corrupção também avançam, grande parte da população segue calada — domesticada como gado manso, acostumada a obedecer em silêncio, mesmo quando sua liberdade e seu futuro estão em jogo.
/hotmart/product_pictures/a393bdf1-4d6e-4a59-9549-465bd5272e5a/Semnome600x600px3.png)


