No Brasil , embora ainda sejam considerados medicamentos de alto custo e nem sempre acessíveis à população geral, há um aumento significativo na prescrição off-label desses fármacos para perda de peso , especialmente por médicos endocrinologistas e nutrólogos.
Uso crescente no Brasil: realidade e desafios
Embora a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa ) ainda não tenha liberado oficialmente o Wegovy para indicação específica de perda de peso no país (ele é aprovado apenas para diabetes sob o nome Ozempic), seu uso tem crescido exponencialmente na prática médica, principalmente em consultórios particulares.
O Mounjaro , por sua vez, foi recentemente aprovado pela Anvisa para o tratamento do diabetes tipo 2, mas também vem sendo utilizado de forma controlada por profissionais da saúde para auxiliar na redução de peso, graças ao seu duplo mecanismo de ação no sistema GLP-1 e GIP (outro hormônio intestinal envolvido no controle do apetite).
Dados da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) indicam que mais de 40% dos endocrinologistas brasileiros relataram aumento na prescrição desses medicamentos nos últimos dois anos , especialmente entre pacientes com obesidade moderada a grave.
Além disso, há um movimento crescente de clínicas especializadas em emagrecimento que oferecem programas multidisciplinares com acompanhamento médico, nutricional e psicológico associado ao uso dessas medicações — muitas vezes com valores elevados, o que restringe o acesso a camadas mais altas da população.
Preocupações e perspectivas futuras
Apesar do sucesso clínico, especialistas alertam para os riscos do uso indiscriminado desses medicamentos sem supervisão médica adequada. Efeitos colaterais como náusea, constipação, vômitos e alterações gastrointestinais são frequentes, especialmente nas primeiras semanas de tratamento.
Além disso, estudos sugerem que grande parte do peso perdido pode ser recuperado após a interrupção do tratamento , destacando a importância de associar o uso dessas medicações a mudanças sustentáveis no estilo de vida.
A boa notícia é que pesquisas avançam no sentido de tornar essas terapias mais acessíveis e seguras , tanto no Brasil quanto no exterior. Laboratórios locais e multinacionais já trabalham em versões genéricas e alternativas biossimilares, o que pode reduzir custos e aumentar o acesso nos próximos anos.