Para muitos, o dia só começa de verdade depois de um café bem forte. A cafeína está presente não só no café, mas também em chás, refrigerantes, chocolates e bebidas energéticas. É aquele “empurrãozinho” para despertar, manter o foco e enfrentar a rotina. Mas, para algumas pessoas, esse estímulo pode vir acompanhado de um preço alto: a ansiedade.
Cafeína é um estimulante psicoativo que funciona bloqueando uma substância química no cérebro chamada adenosina, que normalmente ajuda você a se sentir calmo e sonolento. Quando a cafeína bloqueia a adenosina, ela mantém você alerta - mas também estimula o sistema nervoso.
Quando você bebe cafeína:
- Seu cérebro fica mais alerta.
- A frequência cardíaca e a pressão arterial aumentam.
- Os hormônios do estresse, como cortisol e adrenalina, aumentam.
Quando o café deixa de ser aliado
A cafeína age bloqueando a adenosina, uma substância que nos ajuda a relaxar e sentir sono. Ao fazer isso, ela nos mantém em alerta — ótimo para quem precisa de energia, mas perigoso para quem já carrega um histórico de ansiedade. Além do estado de vigília, a cafeína também aumenta batimentos cardíacos, pressão arterial e libera hormônios do estresse como o cortisol e a adrenalina. Ou seja, coloca o corpo em modo de luta ou fuga — o mesmo que acontece durante uma crise de ansiedade.
Os sinais são conhecidos: inquietação, pensamentos acelerados, tremores, insônia, dor de cabeça e até aquela sensação de que “algo ruim vai acontecer”. Para quem convive com transtorno de ansiedade, esses efeitos podem ser ainda mais intensos, confundindo-se até com sintomas de ataque de pânico.
Nem todo mundo reage da mesma forma
Há quem beba várias xícaras de café ao longo do dia sem sentir nada de negativo. Outros, no entanto, percebem palpitações ou nervosismo após apenas uma xícara. Alguns fatores influenciam essa diferença:
- Transtornos de ansiedade prévios: quem já tem ansiedade tende a sentir mais os efeitos da cafeína.
- Adolescentes: jovens são mais sensíveis, e o consumo de energéticos pode ser um gatilho perigoso.
- Genética: certas variações genéticas determinam como o corpo reage à cafeína.
- Metabolismo lento: algumas pessoas demoram mais para eliminar a cafeína, prolongando os efeitos.
E quando falta o café?
Curiosamente, não é só o excesso de cafeína que pode gerar ansiedade. A abstinência também traz sintomas como irritabilidade, dificuldade de concentração, dor de cabeça e mau humor. Essas reações costumam aparecer de 12 a 24 horas após a última dose e podem durar até 10 dias — geralmente de forma leve, mas ainda assim desconfortável.
Como lidar com a ansiedade causada pela cafeína
A boa notícia é que você não precisa abrir mão totalmente do prazer de tomar café ou chá, mas pode ajustar a forma como consome:
- Reduza aos poucos: cortar de repente pode piorar os sintomas. Vá diminuindo a quantidade gradualmente.
- Prefira descafeinado ou chás de ervas: ainda oferecem sabor e aconchego, mas com bem menos cafeína.
- Evite à tarde ou à noite: mesmo tomado horas antes de dormir, o café pode atrapalhar o sono.
- Pratique técnicas calmantes: respiração profunda e exercícios de atenção plena ajudam a controlar os efeitos da ansiedade.
Um exercício simples é a regra do 3-3-3:
- Veja três coisas ao seu redor.
- Ouça três sons diferentes.
- Mexa três partes do corpo (dedos, ombros, pés).
- Esse pequeno ritual ajuda a trazer a mente de volta para o presente.
No fim das contas, a relação com a cafeína é muito pessoal. Para alguns, é uma aliada; para outros, um gatilho. O segredo está em observar o próprio corpo e respeitar os sinais. Se o café traz mais agitação do que prazer, talvez seja hora de repensar o hábito — sem culpa, mas com consciência.
Porque, mais importante do que manter os olhos abertos, é manter a mente tranquila.
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