
Uma batalha política e legal sobre o direito à propriedade não é exclusividade dos Estados Unidos. A partir de 2026, proprietários de imóveis que os alugam como pessoa física enfrentarão mudanças significativas na tributação. A Reforma Tributária prevê a criação de dois novos tributos: o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS). A medida deve impactar principalmente aqueles com mais de três imóveis alugados ou que recebam mais de R$ 240 mil anuais em locações. Especialistas alertam para aumento da carga tributária e necessidade de planejamento antecipado.
Recentemente, governos e ativistas em várias partes do mundo têm debatido o imposto sobre imóveis como ferramenta de arrecadação, mas também de controle social e financeiro. Nos EUA, líderes como o governador da Flórida, Ron DeSantis, enfrentam um movimento que acusa as taxas anuais sobre propriedades de serem não apenas opressivas, mas inconstitucionais, enquanto críticos alertam para o chamado “despojamento de patrimônio” sistêmico.
A ameaça à propriedade verdadeira
O cerne da discussão é o mesmo observado globalmente: quando o Estado pode confiscar ou tributar excessivamente um imóvel, a noção de propriedade plena se esvai. “É difícil dizer que você é realmente dono de sua casa se precisa pagar ‘aluguel’ ao governo todos os anos”, comentou um especialista em direito tributário.
O aumento contínuo das avaliações de propriedades intensifica a pressão, afetando especialmente aposentados e famílias de renda fixa, que podem ser forçados a vender imóveis ou propriedades rurais após décadas de investimento.
Um legado histórico de desigualdade
Pesquisadores como Andrew Kahrl, autor de The Black Tax, destacam que sistemas de tributação local têm histórico de perpetuar desigualdades. Nos EUA, comunidades minoritárias sofreram superavaliações e execução fiscal predatória, com propriedades transferidas para investidores privados por dívidas mínimas.
Situações semelhantes surgem em outros países, onde a administração local de impostos muitas vezes carece de supervisão e é vulnerável a favoritismos, criando barreiras sistêmicas à acumulação de riqueza.
Propostas de reforma e alternativas globais
Movimentos por reforma propõem substituir a receita do imposto sobre propriedade por tributos sobre consumo ou renda, transferindo a carga financeira para aqueles com maior capacidade de pagamento.
Nos EUA, estudos sugerem que um imposto estadual uniforme sobre vendas poderia substituir a arrecadação do imposto sobre imóveis sem comprometer o orçamento local. Na Europa e em países da América Latina, debates semelhantes buscam equilibrar receita pública com justiça social, reduzindo a pressão sobre proprietários vulneráveis.
Desafios legais e resistência
Além da pressão política, ações judiciais têm sido preparadas com base em princípios constitucionais: impostos não podem incidir sobre ganhos não realizados e devem respeitar a proporcionalidade com a renda. Advogados e ativistas argumentam que a cobrança abusiva compromete direitos fundamentais, e ações semelhantes têm surgido em tribunais de vários países, levantando questionamentos sobre o papel do Estado na propriedade privada.
Uma agenda global em movimento
O debate sobre impostos sobre propriedade é parte de uma tendência global: governos buscam novas formas de arrecadação enquanto cidadãos questionam o equilíbrio entre tributação e direitos individuais. A discussão vai além do financiamento público; envolve a redefinição do que significa possuir, investir e proteger patrimônio em um mundo cada vez mais regulamentado.
Enquanto alguns governos veem essas medidas como essenciais para financiar serviços essenciais, críticos alertam que a imposição fiscal excessiva pode gerar impactos sociais profundos, tornando a proteção da propriedade e da autonomia financeira um tema central em várias nações.