
Por décadas, milhões de gestantes em todo o mundo confiaram em uma recomendação repetida de geração em geração: “Se sentir dor ou febre, o paracetamol é seguro”. O paracetamol (Tylenol), uma das marcas mais populares, sempre foi apresentado como o único analgésico realmente confiável durante a gravidez. Agora, um relatório de última hora do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA (HHS), sob a liderança de Robert F. Kennedy Jr., promete virar essa narrativa de cabeça para baixo.
Segundo o Wall Street Journal, o HHS está prestes a reconhecer oficialmente uma ligação entre o uso pré-natal de paracetamol e o aumento dos casos de autismo em crianças. A notícia soou como um terremoto: em poucas horas, as ações da Kenvue — controladora do Tylenol — despencaram quase 10%. Mas o que realmente está em jogo aqui não são números de mercado. São vidas. São histórias de famílias que poderiam ter sido diferentes se a ciência tivesse sido ouvida antes.
Hoje, uma em cada 31 crianças é diagnosticada com autismo. Nos anos 1990, esse número era de uma em mil. Durante todo esse tempo, a explicação oficial girava em torno de fatores genéticos “misteriosos” ou causas desconhecidas. Enquanto isso, pesquisadores independentes apontavam para algo óbvio, mas inconveniente: o uso disseminado de paracetamol durante a gestação.
Quantas mães, confiando em médicos, conselhos e bulas, não imaginaram que uma simples pílula poderia afetar o cérebro em desenvolvimento de seus filhos? Quantas vidas poderiam ter seguido outro caminho se os sinais de alerta não tivessem sido ignorados, ridicularizados ou abafados?
Uma luta contra o consenso imposto
Desde os anos 2000, estudos começaram a levantar suspeitas: o aumento do uso de Tylenol coincidiu com a escalada de diagnósticos de distúrbios de neurodesenvolvimento. Em 2008, surgiram as primeiras publicações científicas sérias apontando conexões entre o paracetamol e alterações comportamentais em crianças. Na década seguinte, as evidências se multiplicaram — ligando o uso pré-natal da droga a autismo, TDAH e outros problemas.
Mesmo assim, organizações médicas e de saúde continuaram garantindo às gestantes que não havia riscos, muitas vezes apoiados por financiamento da indústria farmacêutica. Quando, em 2021, 91 cientistas e médicos publicaram um apelo pedindo cautela com o uso de paracetamol na gravidez, no entanto, organizações de saúde com conflitos de interesses, reagiram desmerecendo a recomendação, mantendo o discurso da “segurança comprovada”.
Era mais fácil repetir o dogma do que enfrentar a dura possibilidade de que milhões de mães pudessem estar, sem saber, colocando seus filhos em risco.
E agora?
O relatório do HHS marca um divisor de águas. Não apenas porque reconhece oficialmente o risco, mas porque mostra o custo de décadas de silêncio e conivência. Investidores já percebem as consequências legais e financeiras. Mas e quanto às famílias? Quem se responsabilizará pelos danos invisíveis causados por uma política de saúde pública baseada na conveniência e não na precaução?
É fundamental lembrar que o autismo é uma condição multifatorial. Outros elementos — como vacinas, ultrassons excessivos, estresse gestacional e cesarianas — também entram nessa equação complexa. No entanto, admitir o papel do Tylenol é um passo histórico para romper com a narrativa de que “tudo é genético” e que nada poderia ter sido evitado.
A lição amarga
Por trás desse escândalo, existe uma verdade dolorosa: quando a ciência é capturada por interesses econômicos, quem paga a conta são as famílias, as crianças, o futuro. O que deveria ser a medicina preventiva virou a medicina do “esperar para ver”, mesmo diante de sinais gritantes.
Se há algo que podemos aprender com essa revelação, é que confiar cegamente no consenso médico pode ser perigoso. A precaução deveria sempre vir antes da conveniência.
Porque, no fim das contas, não estamos falando apenas de estatísticas, mas de crianças reais — e do direito de nascerem com todas as chances de se desenvolverem plenamente.