À medida que as dietas à base de plantas ganham popularidade, cresce também o consumo das chamadas alternativas vegetais à carne — hambúrgueres de soja, “frango” de micoproteína ou salsichas de ervilha. Mas um novo estudo revela que essas opções podem não ser tão saudáveis quanto parecem — e podem até aumentar o risco de depressão e inflamação crônica.
Além disso, foram observados níveis mais elevados de proteína C reativa (PCR) — um marcador importante de inflamação sistêmica, associada a doenças cardíacas e autoimunes.
Ultraprocessados “verdes”: o risco disfarçado de saudável
Os pesquisadores analisaram dados de 3.342 vegetarianos da base do UK Biobank, comparando hábitos alimentares e marcadores metabólicos. Mesmo com ingestão semelhante de sódio, açúcar e gorduras, quem consumia PBMAs apresentou:
- Pressão arterial ligeiramente mais alta (130 mmHg vs. 129 mmHg);
- Colesterol HDL mais baixo, o chamado “colesterol bom”;
- Apolipoproteína A reduzida, associada à menor proteção cardiovascular.
Essas diferenças, embora sutis, são clinicamente relevantes — e sugerem que o método de processamento, e não apenas o conteúdo nutricional, pode impactar a saúde.
Inflamação e depressão: a conexão intestinal
Os pesquisadores sugerem que o ultraprocessamento dos alimentos pode interromper a comunicação intestino-cérebro, prejudicando o equilíbrio da microbiota e aumentando a suscetibilidade à depressão.
Isso é consistente com estudos anteriores publicados no Nature Reviews Gastroenterology & Hepatology, que mostram como a inflamação intestinal pode alterar neurotransmissores como a serotonina, afetando o humor e a cognição.
Além disso, óleos de sementes industriais, aditivos sintéticos e emulsificantes comuns nas alternativas vegetais à carne estão associados à disfunção endotelial, resistência à insulina e estresse oxidativo — fatores de risco para hipertensão e doenças metabólicas, conforme relatado pela Harvard Health Publishing.
Curiosamente: menor risco de síndrome do intestino irritável
Um achado inesperado foi que consumidores de alternativas vegetais à carne apresentaram 40% menor risco de síndrome do intestino irritável (SII). Os cientistas acreditam que certas fibras adicionadas ou prebióticos usados nesses produtos possam ter efeito benéfico sobre o trânsito intestinal — embora mais pesquisas sejam necessárias para confirmar essa hipótese.
O veredito: alimentos integrais ainda são a melhor escolha
Enquanto as carnes vegetais ultraprocessadas oferecem conveniência, os especialistas enfatizam que proteínas vegetais minimamente processadas — como tofu, tempeh, grão-de-bico e lentilhas — continuam sendo as melhores opções para quem busca saúde e sustentabilidade.
“Os alimentos integrais preservam nutrientes, enzimas e fibras naturais que sustentam a saúde metabólica e mental — algo que os produtos industrializados não conseguem replicar”, concluem os autores.
Para vegetarianos e veganos, recomenda-se também atenção especial à vitamina B12, ferro e ômega-3, nutrientes comumente deficientes em dietas à base de plantas, conforme destacado pela Healthline.