A tomografia computadorizada (TC) é, sem dúvida, uma das grandes conquistas da medicina moderna. Com sua capacidade de fornecer imagens internas rápidas e detalhadas, ela transformou o diagnóstico médico e salvou incontáveis vidas. No entanto, por trás desse avanço há uma preocupação crescente: o impacto da exposição à radiação sobre o risco de câncer.
Um novo estudo publicado em 2025 na JAMA Internal Medicine lança um alerta: as tomografias realizadas nos Estados Unidos em 2023 podem resultar em mais de 100.000 casos futuros de câncer. Se confirmada, essa projeção coloca a TC como responsável por até 5% dos diagnósticos anuais de câncer no país — um paradoxo alarmante para uma ferramenta voltada à detecção precoce da doença.
Diferentemente de exames como ultrassom ou ressonância magnética, a tomografia utiliza radiação ionizante — um tipo de energia capaz de danificar o DNA. Quando em excesso, esse dano pode levar ao desenvolvimento de câncer ao longo do tempo. Embora uma única TC represente uma dose relativamente segura, a repetição frequente pode elevar substancialmente esse risco.
O estudo analisou 121 mil exames reais de 143 hospitais norte-americanos, usando um modelo de risco do Instituto Nacional do Câncer. Os pesquisadores estimaram que até 103 mil novos casos de câncer poderiam surgir ao longo das próximas décadas, diretamente ligados à exposição à radiação desses exames.
Adultos representam a maioria dos casos previstos (91%), mas as crianças são mais vulneráveis por exame. Um bebê pode desenvolver até 20 casos de câncer a cada 1.000 tomografias. Os tipos de exame mais associados ao risco incluem TC abdominal/pélvica, de tórax e de cabeça. Os cânceres mais comuns projetados incluem:
Esses números representam três vezes mais do que uma estimativa semelhante de 2009 — reflexo do crescimento exponencial no uso da tecnologia e de dados mais precisos sobre suas consequências.
Muitos médicos e radiologistas defendem a importância da TC, especialmente em emergências e no tratamento de câncer. De fato, em contextos como traumas, derrames e suspeitas graves, ela é insubstituível. No entanto, o próprio setor admite que até 30% dos exames são desnecessários, motivados por protocolos automáticos, medo de erros médicos ou pressão institucional.
Além disso, equipamentos antigos — ainda comuns em hospitais subfinanciados — emitem doses mais elevadas de radiação. E a maioria dos pacientes não é informada sobre isso.
Mesmo com todos os avanços tecnológicos, muitos pacientes ainda não são avisados sobre os riscos potenciais da radiação, nem sobre a possibilidade de exames alternativos, como ressonância magnética ou ultrassonografia, que não usam radiação ionizante.
Essa falta de transparência alimenta um ciclo silencioso de exposição crescente. Como destacou o Dr. Madan Rehani, da Universidade Harvard, as quebras no DNA provocadas pela radiação podem não ser corrigidas pelo corpo, abrindo caminho para mutações malignas com o tempo.
A boa notícia é que tecnologias mais seguras já existem. Scanners de “dose ultrabaixa”, algoritmos de inteligência artificial e protocolos de otimização podem reduzir a exposição à radiação em até 90%, sem comprometer a qualidade das imagens. No entanto, esses avanços esbarram na falta de demanda dos hospitais — que raramente pedem ou investem em aparelhos mais seguros.
Empoderar-se como paciente é fundamental. Antes de aceitar uma tomografia computadorizada, questione:
Essas perguntas simples podem proteger sua saúde a longo prazo.
A tomografia computadorizada é, sem dúvida, um recurso valioso. Mas como toda tecnologia médica poderosa, exige uso criterioso, ética e transparência. O estudo da Universidade da Califórnia não demoniza a TC — apenas nos lembra de que, quando se trata de radiação, menos pode ser mais.
A verdadeira inovação está em equilibrar precisão diagnóstica com segurança do paciente. E isso começa com informação, consciência e escolhas bem fundamentadas.
Um novo estudo publicado em 2025 na JAMA Internal Medicine lança um alerta: as tomografias realizadas nos Estados Unidos em 2023 podem resultar em mais de 100.000 casos futuros de câncer. Se confirmada, essa projeção coloca a TC como responsável por até 5% dos diagnósticos anuais de câncer no país — um paradoxo alarmante para uma ferramenta voltada à detecção precoce da doença.
Radiação: O Preço Invisível da Imagem Rápida
Diferentemente de exames como ultrassom ou ressonância magnética, a tomografia utiliza radiação ionizante — um tipo de energia capaz de danificar o DNA. Quando em excesso, esse dano pode levar ao desenvolvimento de câncer ao longo do tempo. Embora uma única TC represente uma dose relativamente segura, a repetição frequente pode elevar substancialmente esse risco.
O estudo analisou 121 mil exames reais de 143 hospitais norte-americanos, usando um modelo de risco do Instituto Nacional do Câncer. Os pesquisadores estimaram que até 103 mil novos casos de câncer poderiam surgir ao longo das próximas décadas, diretamente ligados à exposição à radiação desses exames.
Quem Está Mais em Risco?
Adultos representam a maioria dos casos previstos (91%), mas as crianças são mais vulneráveis por exame. Um bebê pode desenvolver até 20 casos de câncer a cada 1.000 tomografias. Os tipos de exame mais associados ao risco incluem TC abdominal/pélvica, de tórax e de cabeça. Os cânceres mais comuns projetados incluem:
- Câncer de pulmão (22.400 casos)
- Câncer de cólon (8.700)
- Leucemia (7.900)
- Câncer de tireoide (7.000 – metade em crianças)
- Câncer de mama (5.700)
Esses números representam três vezes mais do que uma estimativa semelhante de 2009 — reflexo do crescimento exponencial no uso da tecnologia e de dados mais precisos sobre suas consequências.
Um Sistema em Contradição
Muitos médicos e radiologistas defendem a importância da TC, especialmente em emergências e no tratamento de câncer. De fato, em contextos como traumas, derrames e suspeitas graves, ela é insubstituível. No entanto, o próprio setor admite que até 30% dos exames são desnecessários, motivados por protocolos automáticos, medo de erros médicos ou pressão institucional.
Além disso, equipamentos antigos — ainda comuns em hospitais subfinanciados — emitem doses mais elevadas de radiação. E a maioria dos pacientes não é informada sobre isso.
A Importância do Consentimento Informado
Mesmo com todos os avanços tecnológicos, muitos pacientes ainda não são avisados sobre os riscos potenciais da radiação, nem sobre a possibilidade de exames alternativos, como ressonância magnética ou ultrassonografia, que não usam radiação ionizante.
Essa falta de transparência alimenta um ciclo silencioso de exposição crescente. Como destacou o Dr. Madan Rehani, da Universidade Harvard, as quebras no DNA provocadas pela radiação podem não ser corrigidas pelo corpo, abrindo caminho para mutações malignas com o tempo.
Soluções Possíveis: Menos é Mais
A boa notícia é que tecnologias mais seguras já existem. Scanners de “dose ultrabaixa”, algoritmos de inteligência artificial e protocolos de otimização podem reduzir a exposição à radiação em até 90%, sem comprometer a qualidade das imagens. No entanto, esses avanços esbarram na falta de demanda dos hospitais — que raramente pedem ou investem em aparelhos mais seguros.
Empoderar-se como paciente é fundamental. Antes de aceitar uma tomografia computadorizada, questione:
- Este exame é realmente necessário?
- Vai alterar de fato meu tratamento?
- Há outra opção, como ressonância ou ultrassom?
- A dose de radiação será ajustada ao meu corpo?
Essas perguntas simples podem proteger sua saúde a longo prazo.
A tomografia computadorizada é, sem dúvida, um recurso valioso. Mas como toda tecnologia médica poderosa, exige uso criterioso, ética e transparência. O estudo da Universidade da Califórnia não demoniza a TC — apenas nos lembra de que, quando se trata de radiação, menos pode ser mais.
A verdadeira inovação está em equilibrar precisão diagnóstica com segurança do paciente. E isso começa com informação, consciência e escolhas bem fundamentadas.