Nos últimos meses, os bebês reborn – bonecos hiper-realistas que imitam recém-nascidos com detalhes impressionantes – têm dominado debates nas redes sociais e na mídia, levantando questões sobre saúde mental, valores sociais e os rumos de uma sociedade que parece perdida em suas próprias contradições.
Os bebês reborn, feitos de vinil e silicone, com peso, textura e até batimentos cardíacos simulados, custam entre R$ 2.500 e R$ 12.000 no Brasil, movimentando um mercado global estimado em US$ 25 milhões por ano. Para algumas mulheres, esses bonecos são mais do que um hobby: são tratados como crianças reais, com rotinas de cuidado que incluem trocar fraldas, passear em carrinhos e até simular atendimentos médicos.
É impossível ignorar a ironia cruel: em um mundo onde o aborto é defendido por muitos como um direito, com a interrupção de vidas humanas no ventre sendo normalizada, adultos investem fortunas e emoções em bonecos que imitam bebês. Como compreender uma sociedade que, de um lado, descarta a vida real com argumentos de “autonomia” e, de outro, busca preencher o vazio existencial com objetos inanimados?
Críticas ao fenômeno dos reborn muitas vezes são taxadas de exagero ou preconceito, mas não se trata de julgar indivíduos. O problema é estrutural. Vivemos em uma sociedade que supervaloriza a maternidade como ideal, mas pune as mães reais com desigualdades, falta de apoio e expectativas irreais.
O que mais choca, porém, é a normalização dessa prática em contraste com a desvalorização da vida real. Enquanto bonecos ganham certidões, carrinhos e festas de aniversário, o debate sobre o aborto muitas vezes reduz fetos a “tecidos” descartáveis.
Precisamos de mais do que projetos de lei ou críticas nas redes. É hora de rediscutir o que significa ser humano, o que é a vida e como lidamos com nossas dores. Os bebês reborn não são o problema – são um sintoma. A verdadeira loucura está em uma sociedade que, ao mesmo tempo, mata no ventre e chora por bonecos de silicone. Até quando vamos ignorar essa contradição sanguinária?
De vídeos virais de “partos” simulados a projetos de lei que buscam regulamentar o uso desses bonecos, o fenômeno expõe uma realidade inquietante: vivemos em uma era que, ao mesmo tempo, banaliza a vida no ventre e eleva objetos inanimados ao status de “filhos legítimos”. Isso não é apenas perturbador – é um reflexo da loucura de uma sociedade que parece ter perdido o senso do que é humano. Tem condição de pagar caro por isso, por que não adotar uma criança de verdade?
Os bebês reborn, feitos de vinil e silicone, com peso, textura e até batimentos cardíacos simulados, custam entre R$ 2.500 e R$ 12.000 no Brasil, movimentando um mercado global estimado em US$ 25 milhões por ano. Para algumas mulheres, esses bonecos são mais do que um hobby: são tratados como crianças reais, com rotinas de cuidado que incluem trocar fraldas, passear em carrinhos e até simular atendimentos médicos.
É impossível ignorar a ironia cruel: em um mundo onde o aborto é defendido por muitos como um direito, com a interrupção de vidas humanas no ventre sendo normalizada, adultos investem fortunas e emoções em bonecos que imitam bebês. Como compreender uma sociedade que, de um lado, descarta a vida real com argumentos de “autonomia” e, de outro, busca preencher o vazio existencial com objetos inanimados?
Essa contradição não é apenas moral – é uma ferida cultural que revela uma desconexão com o valor da vida humana. Como disse a psicanalista Vera Iaconelli, “o problema é tratar boneco como bebê e bebê como boneco”. Quando a fantasia substitui a realidade, o que resta de nossa humanidade?
Críticas ao fenômeno dos reborn muitas vezes são taxadas de exagero ou preconceito, mas não se trata de julgar indivíduos. O problema é estrutural. Vivemos em uma sociedade que supervaloriza a maternidade como ideal, mas pune as mães reais com desigualdades, falta de apoio e expectativas irreais.
Para algumas, o bebê reborn pode ser uma fuga dessa pressão, uma forma de vivenciar uma maternidade idealizada sem os desafios da realidade. No entanto, quando adultos simulam partos, exigem atendimento médico para bonecos ou celebram “mesversários” de silicone, cruzamos a linha do lúdico para algo que beira o delirante.
Projetos de lei, como os apresentados em Alagoas e Minas Gerais para proibir o uso de serviços públicos por donos de reborns, mostram que o fenômeno já impacta a esfera pública, sobrecarregando sistemas como o SUS.
A popularidade dos reborns também reflete a solidão de nossa era. Dados do Google Trends apontam que as buscas por esses bonecos cresceram 60% no Brasil nos últimos cinco anos, com picos durante a pandemia, quando o isolamento ampliou a busca por vínculos afetivos alternativos.
Mas substituir relações humanas por objetos, por mais realistas que sejam, é uma solução vazia. Como alertou o psicólogo Aurélio Melo, a confusão entre o real e o imaginário pode evoluir para transtornos psicológicos, onde a pessoa “só se satisfaz com o objeto”. Essa dependência emocional não resolve a dor – apenas a mascara.
O que mais choca, porém, é a normalização dessa prática em contraste com a desvalorização da vida real. Enquanto bonecos ganham certidões, carrinhos e festas de aniversário, o debate sobre o aborto muitas vezes reduz fetos a “tecidos” descartáveis.
Essa inversão de valores – onde o inanimado é humanizado e o humano é desumanizado – é a verdadeira loucura de nossa sociedade. Não se trata de demonizar quem encontra conforto nos reborn, mas de questionar por que chegamos a esse ponto. Por que uma cultura que celebra a morte no ventre sente necessidade de simular a vida com bonecos?
Precisamos de mais do que projetos de lei ou críticas nas redes. É hora de rediscutir o que significa ser humano, o que é a vida e como lidamos com nossas dores. Os bebês reborn não são o problema – são um sintoma. A verdadeira loucura está em uma sociedade que, ao mesmo tempo, mata no ventre e chora por bonecos de silicone. Até quando vamos ignorar essa contradição sanguinária?