Fraude e Roubo bilionário no INSS segue impune após quatro meses: um conluio do sistema

O que vemos hoje não é apenas um caso de corrupção comum. É um roubo direto aos mais vulneráveis da sociedade: os aposentados.

Fraude e Roubo bilionária no INSS segue impune após quatro meses: um conluio do sistema
Mesmo com provas robustas, nenhuma acusação formal foi feita até agora. Especialistas veem entraves jurídicos, manobras burocráticas e falta de vontade política. Quatro meses se passaram desde que a fraude, corrupção e "roubo legalizando" revelou um dos maiores escândalos da história recente da Previdência brasileira. 

O esquema, que teria desviado mais de R$ 6,3 bilhões dos benefícios de aposentados e pensionistas do INSS, segue em investigação, mas nenhum indiciamento formal foi feito até o momento. Enquanto isso, milhões de brasileiros seguem no prejuízo — e o silêncio das autoridades se torna cada vez mais ensurdecedor.

O escândalo levanta sérias questões sobre a falta de fiscalização e as parcerias obscuras entre o governo, o INSS e algumas entidades privadas. Embora a investigação ainda esteja aparentemente em andamento, já é possível identificar alguns dos principais responsáveis

O golpe: desconto ilegal e consentimento forjado


Segundo a Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU), o esquema operava há anos: associações e sindicatos inscreviam aposentados como associados sem o menor consentimento e passavam a descontar valores diretamente do pagamento mensal do INSS. Tudo isso com a complacência — ou participação — de membros do próprio órgão público.

O rombo estimado chega à casa dos R$ 6,3 bilhões. E ainda assim, nenhum responsável foi formalmente acusado.

Quem caiu... e quem ainda se mantém de pé


A operação, até agora, resultou apenas no afastamento de alguns nomes de peso: o ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, três servidores de alto escalão e o procurador-geral do instituto, Virgílio Oliveira Filho. Um agente da PF e o empresário Antônio Carlos Antunes, apelidado de “careca do INSS”, também foram citados nas investigações.

Mas sem processos criminais concretos, tudo isso parece mais um teatro de contenção de danos do que uma verdadeira ação de justiça.

“Crime complexo”, dizem os especialistas — mas será só isso?


Para alguns especialistas, como o advogado criminalista Paulo Klein, a demora se justifica por questões legais: quebra de sigilo bancário e fiscal depende de autorização judicial, o que supostamente dificulta o andamento da investigação.

Já Raimundo Nonato, presidente da Associação Brasileira de Defesa dos Clientes e Consumidores Financeiros, destaca outro obstáculo: o uso de "laranjas" como representantes legais, dificultando a responsabilização direta.

“Não é um crime de baixa complexidade, pois envolve figuras públicas e políticas, além do corpo administrativo de uma das maiores autarquias do país”, disse Raimundo. “Então, existem também questões processuais de foro competente contra essas pessoas, pois pode envolver autoridades e agentes políticos com prerrogativas processuais diferenciadas.”

Mas a complexidade do crime não explica totalmente a paralisia. O que começa a se desenhar é um quadro de proteção política e falta de apetite por justiça, especialmente quando o caso envolve figuras públicas, servidores e possíveis aliados em altos escalões.

Ressarcimento começou, mas parte da história ainda está oculta


Enquanto a investigação patina, o Ministério da Previdência Social tenta conter os danos com pagamentos de ressarcimento aos aposentados e pensionistas lesados. Até agora, cerca de 839 mil segurados aceitaram o acordo, o que representa pouco mais de 40% dos elegíveis. O valor é corrigido pela inflação, mas a indignação não é corrigida tão facilmente.

É possível aderir ao acordo pelo aplicativo Meu INSS ou presencialmente nas agências dos Correios.

CPI prometida virou peça de bastidor


No Congresso, uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) foi pedida ainda em maio. A leitura foi feita em junho pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e havia expectativa de que o senador Omar Aziz (PSD-AM) assumisse a presidência da comissão, com relatoria ainda indefinida.

No entanto, a CPI parece ter perdido prioridade após novas decisões do STF contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, desviando o foco da oposição para temas como a anistia política. A possível indicação do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) como relator também ficou em suspenso.

Conclusão: quando o sistema é parte do problema


O que vemos hoje não é apenas um caso de corrupção comum. É um ataque direto aos mais vulneráveis da sociedade: os aposentados. É uma fraude bilionária que foi facilitada por omissão, conivência e, talvez, cumplicidade institucional.

E quatro meses depois, a justiça ainda não bateu à porta dos responsáveis.

O Brasil tem leis. Mas quando o crime envolve conexões políticas e estruturas de poder, o tempo da justiça parece andar em marcha lenta — ou talvez nem se mova. O risco, mais uma vez, é que tudo acabe em pizza.

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