
Enquanto milhões de pacientes confiam na glipizida por ser acessível e comum nas farmácias, os dados mostram que o preço pode vir em forma de riscos ocultos à saúde do coração. Um dos medicamentos mais prescritos para diabetes tipo 2 nos Estados Unidos, a glipizida, pode estar colocando milhões de pacientes em risco sem que eles saibam.
Um novo e robusto estudo conduzido pela equipe do Mass General Brigham revelou uma ligação direta entre esse medicamento e um risco significativamente maior de problemas cardiovasculares, como infartos, derrames e insuficiência cardíaca. (Relacionado: Vacinas Covid MAIS UMA VEZ ligadas a danos cardíacos - Estudo)
📊 O que o estudo descobriu?
A pesquisa, publicada no JAMA Network Open, analisou dados de quase 50 mil pacientes e comparou os efeitos da glipizida com outras medicações da mesma classe (sulfonilureias) e também com alternativas mais modernas, como os inibidores da DPP-4.
Os principais achados:
- Pacientes que tomam glipizida têm um risco 13% maior de sofrer eventos cardiovasculares graves.
- A taxa de eventos cardíacos em 5 anos foi de 9,1% com glipizida, contra 8,1% com inibidores da DPP-4.
- A glipizida também foi associada a mais hospitalizações por insuficiência cardíaca.
⚠️ Por que isso importa?
O estudo é um dos maiores já realizados nessa área e se destaca por usar dados do "mundo real" — incluindo registros eletrônicos de saúde e dados de seguros médicos de diversas instituições nos EUA. Isso dá mais força às conclusões e mostra que o risco cardiovascular não é apenas uma hipótese teórica, mas algo que já está acontecendo na prática clínica.
“Um aumento de 13% no risco cardíaco é algo clinicamente relevante. Esse nível de impacto costuma ser suficiente até para aprovar novos medicamentos de prevenção cardíaca”, alertou o pesquisador-chefe, Dr. Alexander Turchin.
💊 Nem todos os medicamentos são iguais
Além da glipizida, os pesquisadores também avaliaram outras sulfonilureias:
- Glibenclamida: risco de 8,4%
- Glimepirida: risco de 8,6%
- Glipizida: risco de 9,1%
- Inibidores de DPP-4: risco de 8,1% (menor risco entre todos)
Isso revela que nem todos os medicamentos da mesma classe têm o mesmo perfil de segurança, e tratá-los como "iguais" pode ser um erro grave na hora de prescrever.
🧬 Por que a glipizida pode afetar o coração?
Embora o mecanismo exato ainda esteja sendo estudado, os cientistas acreditam que esses medicamentos influenciam receptores presentes no músculo cardíaco e nos vasos sanguíneos, além do pâncreas. Em modelos animais, essas drogas parecem atrapalhar a capacidade natural do coração de se proteger quando há baixa oxigenação, o que pode agravar quadros como infarto ou insuficiência cardíaca.
👨⚕️ O que os pacientes devem fazer?
Se você tem diabetes tipo 2 e está usando glipizida ou outro medicamento da mesma classe, isso não significa que deve parar imediatamente por conta própria. O ideal é conversar com seu médico e discutir alternativas mais seguras, especialmente se você tiver histórico de problemas cardiovasculares ou fatores de risco como pressão alta, obesidade e colesterol alto.
É hora de médicos e pacientes repensarem as escolhas terapêuticas, baseando-se em evidências reais, não apenas no hábito ou no custo. A saúde do coração não pode esperar — informação é prevenção.